Escrevo um pouco antes da entrevista coletiva que a fundadora
da Rede Sustentabilidade, Marina Silva, concederá para comunicar suas decisões
com referência as eleições de 2014. Termina hoje o prazo para filiação
partidária, condição ainda exigida no Brasil para que o cidadão dispute cargos
públicos, e o TSE negou na quinta-feira, 03/10, o registro à Rede com alegada
insuficiência do número de assinaturas reconhecidas pelos cartórios, embora a
Rede conteste sobre a não justificação de motivos para a rejeição de mais de 95
mil assinaturas e, embora também tenha ficado claro que a Rede é, nos últimos
anos e também nos últimos dias, o partido que se organizou de forma mais
democrática e com verdadeira participação dos cidadãos, fato evidenciado pelos
mais de 12 mil voluntários espalhados pelo país.
Milhões de brasileiros esperaram um sinal positivo do TSE, mas o
tribunal agiu como um tribunal deve agir, respeitando a base legal. Não é a
decisão do TSE que deve ser reclamada, mas os métodos arcaicos utilizados para
a validação dos apoiadores. Por isso, e por outras razões a Rede não náufraga
em seu nascedouro e se presta ao papel de denunciar que há muita incoerência na
condução da política em nosso país. E não era justamente isso que a Rede
queria, para ‘democratizar a democracia’? Ficou claro que o poder tem dono e
não é povo.
O que se comenta durante todo o dia é o boato de que Marina
deverá anunciar, daqui pouco, sua filiação partidária ao PSB. Seria, num
acordo, como uma espécie de frente com um programa que inclua as ideias de Rede
e permita sua participação na disputa eleitoral que se avizinha. A proximidade
de Marina é com o PSB de Miguel Arraes, do palanque de Lula e Dilma, do campo
da esquerda ou, como preferem os jornalistas, do governador de Pernambuco,
Eduardo Campos e da senadora baiana Lídice da Mata. É o PSB, não é uma legenda
de aluguel. É o PSB e é uma denúncia histórica contra o PT, que jogou e jogou
pesado para limitar as possibilidades de Marina. PT que jogou incoerentemente
pouco tempo atrás, sendo grande parceiro de Gilberto Kassab na criação do PSD.
Que ironia! Ao lado de Kassab e contra Marina. Isso ficou claro tentativa de
aprovação, no Congresso, da lei que impossibilitaria à Rede o aos novos partidos
alguns segundos na TV. Não era isso que a Rede queria, mostrar para o Brasil os
acordos do PT que o transformaram em um partido que só luta pela governabilidade
ou que ‘só pensa naquilo’?
Busquei, como bom brasileiro, no samba as palavras do título
deste texto: Taí o samba que você pediu, Marina! São palavras da música cantada
por Noite Ilustrada, que emendo com as palavras de Dorival Caymmi na bela
música ‘Marina, morena’: “Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu”, e se
confirmar filiação partidária ao PSB não estará se pintando, estará pintando
esperança.
Ricardo Matense é ex-presidente do PT
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